A interferência do destino [Martha Medeiros]
Essa excelente crônica de Martha Medeiros vem ao encontro com alguns dos meus últimos posts sobre confiança, fé, atitude, serenidade, boa sorte...
O destino existe?
Se existe podemos dizer que já veio escrito e nada o fará mudar. Mas será que realmente não somos capazes de mudar nosso destino?
Será que quando escolho B em vez de A é porque já "estava escrito" que eu ia escolher B?
Há muitas perguntas que não conseguimos responder... mas será que precisamos de resposta para tudo?
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E ele interfere. Um telefone que toca, um e-mail que chega, um convite que é feito, uma pessoa que nos é apresentada. Uma trivialidade qualquer pode dar a você as respostas que não tinha. Ou simplesmente aniquilar com suas perguntas, o que é ainda melhor. Tudo o que se espera do destino é que ele assuma o comando por nós.
Exemplo: uma amiga estava tentada a ceder às investidas do ex-marido, mesmo sabendo que a relação não tinha mais combustível. Ainda sentia algo por ele, mas temia sofrer tudo o que já havia sofrido antes. Ainda assim, pensava: por que não dar outra chance? Por outro lado, vale a pena percorrer o mesmo caminho já trilhado? Enquanto se consumia entre o medo de voltar para um amor insatisfatório e o medo de perdê-lo para sempre, o destino resolveu o caso: ao entrar no elevador pela manhã, ela encontrou um moço que estava perdido, sem saber em que andar descer para visitar um amigo. Dias depois recebeu um e-mail desse mesmo moço e o resto da história fica a critério da imaginação de cada um.
Outro exemplo: um homem havia recebido uma proposta para trabalhar em São Paulo, mas isso significaria ter que deixar a mulher e a filha em Porto Alegre, já que a carreira bem-sucedida dela a impedia de acompanhá-lo. Ele, por sua vez, estava ganhando mal, sentindo-se desprestigiado no emprego, e a nova oferta de emprego solucionaria essa questão, mas não tinha vontade de ir sozinho para uma cidade onde não conhecia ninguém. Fosse qual fosse a decisão tomada, haveria um custo emocional. Foi passar um feriado no Uruguai para espairecer e pensar melhor, ganhou uma bolada no cassino e investiu o dinheiro numa pequena sociedade com um ex-colega da faculdade, alterando completamente seu rumo profissional, sem precisar se mudar.
Vai ou fica? Arrisca ou espera? Aceita ou recusa? Que o destino, de vez em quando, decida por nós. A gente merece uma trégua.
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