Permita-se ser imperfeita [Martha Medeiros]

Houve tempos que eu era politicamente correta, que eu não fazia nada errado, que não falava as palavras mais duras porque as pessoas poderiam ter medo da verdade.
Houve tempos que eu fazia o possível para agradar os outros e esquecia de mim.
Houve tempos que abafava meu sofrimento porque não queria demonstrar fragilidade.
Houve tempos que eu achava que era mais legal ter centenas de amigos virtuais do que alguns poucos amigos reais.
Houve tempos que eu achava que não podia errar e, por acreditar nisso, tinha sempre razão.
Com isso aprendi que às vezes é melhor ser feliz do que ter razão!

Nos dias de hoje assumir seus erros ou confrontar a maioria parecem sinônimos de fraqueza ou de resistência. Pelo contrário, demonstra personalidade, valores e espírito de "sem medo de ser feliz".

Sou imperfeita sim, mas quem não é? Já fui uma melhor filha, melhor amiga, melhor namorada, melhor estudante. Mas essa sou eu hoje. Eu quero mais é ser feliz!! :)

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Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, cuido de quem vive comigo, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação! E, entre uma coisa e outra, leio livros.
Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.
Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. 
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero. 
Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros...Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.
Você não é Nossa Senhora. 
Você é, humildemente, uma mulher.
E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.
Tempo para fazer nada. Tempo para fazer tudo. Tempo para dançar sozinha na sala. Tempo para bisbilhotar uma loja de discos, livros, roupas, etc. Tempo para sumir dois dias com seu amor. Três dias... Cinco dias! Tempo para uma massagem. Tempo para ver a novela. Tempo para fazer um trabalho voluntário. Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto. Tempo para conhecer outras pessoas. Voltar a estudar. Tempo para existir.
Existir, a que será que se destina? Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.
Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!
Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.
Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, e o batom da M.A.C.Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.
E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'.
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