Photo: The golden sunset at Oía [Santorini, Greece]
Se tem um lugar de onde me sinto parte, esse lugar se chama Santorini. Já viajei a muitos lugares e na maioria deles digo que quero voltar um dia para explorar. Porém com Santorini é diferente. Me sinto de lá. Me senti como uma local. Me senti à vontade como se já estivesse tido lá antes.
Bom, pelo menos da parte que eu tenho consciência da minha ligação com a Grécia foi quando, aos 15 anos, comecei a trocar cartas com Helen, uma menina de igual idade, grega, que mora em Atenas. Nos conhecemos por meio de uma organização chamada International Youth Service que promovia o intercâmbio cultural por meio de amizades por correspondência, também conhecido como "penpals".
Helen foi uma penpal que saiu do papel e se tornou real quando, em 2004, fui para Atenas realizar dois grandes sonhos: ir à Grécia e assistir aos Jogos Olímpicos. Quando Atenas foi eleita sede dos Jogos de 2004, em uma de suas cartas Helen disse que se eu desejasse ir e quisesse ficar em sua casa que seria bem-vinda. Em pleno anos 2000 Helen e eu ainda não nos comunicávamos por e-mail. Achava distante para mim, recém-iniciada na vida profissional, fazer uma viagem destas, mas minha mãe e Celeste fizeram acreditar que isso era possível. E foi!!
Enviei uma carta a Helen de que estava indo para Atenas em agosto e lá fui eu. Fiz uma parada de 3 dias em Roma, muito bem recepcionada pelo meu amigo Paolo e depois segui para Atenas. O combinado era eu chegar com uma camisa do Brasil e Helen estaria com uma pink. Foi impossível a gente não se reconhecer. Rs...
Aproveitei um final de semana durante os Jogos e fui sozinha para Santorini. Madruguei, peguei um ferry boat por volta das 7 am no porto de Pireas e encarei uma viagem de umas 10 horas deitada num banco de praça (sim, a minha categoria era externa sentada, no meu caso deitada, num banco de praça). Como eu estava muuuuito cansada por poucas horas de sono entre jogos e baladas em Atenas, tirei o atraso. Só acordava quando parávamos em alguma ilha no caminho como Mykonos, Paros e Naxos, até porque o capitão tocava uma 'buzina' para sinalizar que estava chegando.
Não podia perder a chance de estar no lugar onde me encantava pelos cartões postais de Helen. Talvez tenham sido os 3 melhores dias da minha vida.
Cheguei em Santorini no meio da tarde e negociei com a sra Eliphiteria de ir para seu albergue. Sim, é muito comum lá as pessoas lhe abordarem e negociarem na hora a hospedagem. E sim, eu fui sem nenhum lugar a priori garantido pra dormir. Loucura! Rs... Fui para o albergue a EUR 15/dia e ainda fiquei sozinha no quarto. Próximo fui numa agência e reservei meu passeio pela ilha no dia seguinte. Na minha primeira noite em Santorini, conheci um casal de italianos no albergue e jantei com eles em Thira.
Acordei cedo no domingo e fui para a agência de turismo. Saímos num ônibus para Akrothiri, um sítio arqueológico que foi 'engolido' pelas lavas do vulcão quando ainda Santorini e Nea Kameni eram uma só coisa.
De Akrothiri fomos para o porto e num barco seguimos para o vulcão Nea Kameni, ainda ativo, mas sem erupção desde a década de 60 (se não me falha a memória). Se já estava muito calor em terra, ao pisar no vulcão... Uns 40 graus fácil fácil. Durante a subida até o topo do vulcão conheci Ben, um australiano que estava sozinho, feito eu, e começamos a trocar idéia. Nos tornamos parceiro durante o restante do passeio. Depois do vulcão nadamos pelo Mar Egeu (uau, que emoção!!) até uma região de banho de lama, no entorno do vulcão, que com suas alterações geológicas deixa a água mais quente e forma essa lama, que reza a lenda faz bem pra pele. Achei bem nojento, mas já que estava lá, que lá esteja. Hehehe...
Do nado no Mar Egeu seguimos para Oía, ao norte da ilha, onde dizem ser o pôr-do-sol mais bonito no mundo (e sinceramente ainda não vi nenhum outro com tal magnetismo e energia). Mas antes disso, ao desembarcar no portinho desse lado da ilha, o meio para subir até lá era a pé, com milhares de degraus, ou subir de burro. Eu me recusava a subir no lombo de um burro, ainda + considerando que a escadaria era na encosta da ilha, um mega precipício, mas Ben me 'forçou' e até pagou os EUR 3,-- só pra rolar de rir da minha cara pelo meu desespero. Pior: só ele tem essas fotos, mesmo nos falando até hoje, o mané não me mandou.
Depois de, por várias vezes, ter pensado que rolaria barranco abaixo no lombo do burro, chegamos em terra firme e fomos circular pelas ruelas de Oía. Que coisa mais linda! É voltar no tempo... É sentir que os anos não passaram... Por volta das 16h30 percebe-se a movimentação das pessoas para se acomodar e esperar. Esperar o pôr-do-sol. Não há lugar certo para sentar: senta-se em bancos, muros, cadeiras, nas pedras... O importante é encontrar um lugar e admirar. O sol reflete no mar Egeu de tal forma que tudo fica dourado, um dourado tão lindo... Você olha ao redor é como se todos ficassem paralisados sentindo aquele momento tão único dessa pequena ilha vulcânica. As casas brancas ficam também douradas. Uma energia tão positiva, relaxante... um calmante!
Quase 6 anos se passaram e a única coisa que me prometo é que um dia lá eu voltarei, talvez de passagem, talvez para sempre, mas eu voltarei.
Bom, pelo menos da parte que eu tenho consciência da minha ligação com a Grécia foi quando, aos 15 anos, comecei a trocar cartas com Helen, uma menina de igual idade, grega, que mora em Atenas. Nos conhecemos por meio de uma organização chamada International Youth Service que promovia o intercâmbio cultural por meio de amizades por correspondência, também conhecido como "penpals".
Helen foi uma penpal que saiu do papel e se tornou real quando, em 2004, fui para Atenas realizar dois grandes sonhos: ir à Grécia e assistir aos Jogos Olímpicos. Quando Atenas foi eleita sede dos Jogos de 2004, em uma de suas cartas Helen disse que se eu desejasse ir e quisesse ficar em sua casa que seria bem-vinda. Em pleno anos 2000 Helen e eu ainda não nos comunicávamos por e-mail. Achava distante para mim, recém-iniciada na vida profissional, fazer uma viagem destas, mas minha mãe e Celeste fizeram acreditar que isso era possível. E foi!!
Enviei uma carta a Helen de que estava indo para Atenas em agosto e lá fui eu. Fiz uma parada de 3 dias em Roma, muito bem recepcionada pelo meu amigo Paolo e depois segui para Atenas. O combinado era eu chegar com uma camisa do Brasil e Helen estaria com uma pink. Foi impossível a gente não se reconhecer. Rs...
Aproveitei um final de semana durante os Jogos e fui sozinha para Santorini. Madruguei, peguei um ferry boat por volta das 7 am no porto de Pireas e encarei uma viagem de umas 10 horas deitada num banco de praça (sim, a minha categoria era externa sentada, no meu caso deitada, num banco de praça). Como eu estava muuuuito cansada por poucas horas de sono entre jogos e baladas em Atenas, tirei o atraso. Só acordava quando parávamos em alguma ilha no caminho como Mykonos, Paros e Naxos, até porque o capitão tocava uma 'buzina' para sinalizar que estava chegando.
Não podia perder a chance de estar no lugar onde me encantava pelos cartões postais de Helen. Talvez tenham sido os 3 melhores dias da minha vida.
Cheguei em Santorini no meio da tarde e negociei com a sra Eliphiteria de ir para seu albergue. Sim, é muito comum lá as pessoas lhe abordarem e negociarem na hora a hospedagem. E sim, eu fui sem nenhum lugar a priori garantido pra dormir. Loucura! Rs... Fui para o albergue a EUR 15/dia e ainda fiquei sozinha no quarto. Próximo fui numa agência e reservei meu passeio pela ilha no dia seguinte. Na minha primeira noite em Santorini, conheci um casal de italianos no albergue e jantei com eles em Thira.
Acordei cedo no domingo e fui para a agência de turismo. Saímos num ônibus para Akrothiri, um sítio arqueológico que foi 'engolido' pelas lavas do vulcão quando ainda Santorini e Nea Kameni eram uma só coisa.
De Akrothiri fomos para o porto e num barco seguimos para o vulcão Nea Kameni, ainda ativo, mas sem erupção desde a década de 60 (se não me falha a memória). Se já estava muito calor em terra, ao pisar no vulcão... Uns 40 graus fácil fácil. Durante a subida até o topo do vulcão conheci Ben, um australiano que estava sozinho, feito eu, e começamos a trocar idéia. Nos tornamos parceiro durante o restante do passeio. Depois do vulcão nadamos pelo Mar Egeu (uau, que emoção!!) até uma região de banho de lama, no entorno do vulcão, que com suas alterações geológicas deixa a água mais quente e forma essa lama, que reza a lenda faz bem pra pele. Achei bem nojento, mas já que estava lá, que lá esteja. Hehehe...
Do nado no Mar Egeu seguimos para Oía, ao norte da ilha, onde dizem ser o pôr-do-sol mais bonito no mundo (e sinceramente ainda não vi nenhum outro com tal magnetismo e energia). Mas antes disso, ao desembarcar no portinho desse lado da ilha, o meio para subir até lá era a pé, com milhares de degraus, ou subir de burro. Eu me recusava a subir no lombo de um burro, ainda + considerando que a escadaria era na encosta da ilha, um mega precipício, mas Ben me 'forçou' e até pagou os EUR 3,-- só pra rolar de rir da minha cara pelo meu desespero. Pior: só ele tem essas fotos, mesmo nos falando até hoje, o mané não me mandou.
Depois de, por várias vezes, ter pensado que rolaria barranco abaixo no lombo do burro, chegamos em terra firme e fomos circular pelas ruelas de Oía. Que coisa mais linda! É voltar no tempo... É sentir que os anos não passaram... Por volta das 16h30 percebe-se a movimentação das pessoas para se acomodar e esperar. Esperar o pôr-do-sol. Não há lugar certo para sentar: senta-se em bancos, muros, cadeiras, nas pedras... O importante é encontrar um lugar e admirar. O sol reflete no mar Egeu de tal forma que tudo fica dourado, um dourado tão lindo... Você olha ao redor é como se todos ficassem paralisados sentindo aquele momento tão único dessa pequena ilha vulcânica. As casas brancas ficam também douradas. Uma energia tão positiva, relaxante... um calmante!
Quase 6 anos se passaram e a única coisa que me prometo é que um dia lá eu voltarei, talvez de passagem, talvez para sempre, mas eu voltarei.
Comentários
O que é a vida senão a coleção destes momentos, não é?
Bj