A Dança [Pablo Neruda]

Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
Ou flecha de cravos que propagam fogo:
Te amo como se amam certas coisas obscuras
Secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e
Leva dentro de si, oculta, a luz daquelas flores.
E graças ao teu amor, vive oculto em meu
Corpo o apertado aroma que ascende da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde.
Te amo diretamente sem problemas nem orgulho,
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

Senão assim, deste modo, em que não sou nem és.
Tão perto de tua mão sobre meu peito é minha,
Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas
Nada contava nem tinha nome
O mundo era do ar que esperava.

E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se dependiam,
Perguntas que insistiam na areia.

Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado, decaído,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encherem o outono.

Comentários

Oacir disse…
Oi Tati!!

Valeu pelo elogio ao novo visual do meu blog.
Ótimo final de semana, guria. Relaxe! Divirta-se!!
:P
Mel disse…
Tati...
lindo, lindo, lindo!!!!
Bj

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